06.07.2014
Com tiragem de quase 1.500 exemplares, o livro já tem grande parte da primeira edição comprometida
Depois de ser apresentado na última quarta-feira, no auditório do
Geopark Araripe, em Crato, a edição teve o seu lançamento oficial, na
terra natal da menina. A cada ano, Santana do Cariri registra maior
número de peregrinos
fotos: elizângela santos
Santana do Cariri A menina pobre e martirizada,
conhecida como a "mártir da pureza", poderá ser anunciada nos próximos
anos como a primeira a ser beatificada no Ceará. Ontem foi lançado o
primeiro livro contando a história de Benigna Cardoso da Silva, em
Santana do Cariri. "Benigna: um lírio no sertão cearense" foi escrito a
cinco mãos. Os novos capítulos da biografia trarão para a população uma
história mais pormenorizada da Serva de Deus, já intitulada pela Igreja
Católica.
Depois de ser apresentado na última quarta-feira, no auditório do
Geopark Araripe, em Crato, a edição teve o seu lançamento oficial, na
terra natal da menina. A cada ano, a cidade de Santana do Cariri
registra maior número de peregrinos. E há busca de informações sobre a
mártir, não apenas no Brasil, mas em países como Polônia, Estados Unidos
e Itália, com a finalidade de conhecer a história de Benigna.
O livro, que teve tiragem de quase 1.500 exemplares, já tem grande
parte do acervo da primeira edição comprometido e terá distribuição para
400 bispos do Brasil. A outra parte será vendida a preço simbólico,
além de ser encaminhado para as 55 paróquias da Diocese e 110
sacerdotes. O chanceler da Diocese de Crato, Armando Rafael, é um dos
autores do trabalho. Ele destaca a importância do primeiro livro sobre o
tema, que dará a oportunidade das pessoas terem mais acesso às
informações, antes contidas apenas no processo encaminhado ao Vaticano e
desconhecidas do grande público.
Nos últimos anos, com a popularização da mártir, segundo o chanceler,
tem sido maior a solicitação de informações, inclusive por parte dos
sacerdotes. Ele destaca a importante contribuição de monsenhor Vitaliano
Matiolli, postulador da causa, por determinação da Diocese. O padre
José Vicente, que esteve representando o bispo do Fernando Panico, autor
da apresentação da biografia, disse que o livro é de fundamental
importância para o conhecimento da vida e história de Benigna. "Durante
muito tempo, ela viveu no anonimato e hoje as informações já chegam a
outras partes, inclusive países", afirma.
O trabalho também conta com a colaboração de Plácido Cidade Nuvens,
João Paulo Cabral Alves, Raimundo Sandro Cidrão, um dos que primeiro
publicou trabalhos sobre a vida da mártir, além de Ypsilon Félix, que
também integrou a comissão que trabalhou na elaboração do processo, para
encaminhamento a Roma.
A história de Benigna Cardoso é comovente, pela forma com que teve a
vida ceifada por Raul Alves. Foi assassinada aos 13 anos, a golpes de
facão. Ano passado, o processo em busca da beatificação da menina foi
repassado ao Vaticano, pela Diocese de Crato, para ser analisado.
Surpreendeu sua rápida aceitação, por se tratar do caso de uma menina
martirizada, além da abertura da caixa com os documentos pela Santa Sé. O
caso está sendo avaliado, mas não há data prevista para a beatificação
ser aceita pela Congregação para a Causa dos Santos.
O livro tem linguagem acessível. São cinco capítulos e 103 páginas,
trazendo de forma resumida dados reunidos no dossiê para o processo de
beatificação, com várias imagens ilustrativas. Fatores sociais,
econômicos, históricos, geográficos e religiosos foram inseridos na
obra.
Hoje, os restos mortais da menina assassinada por Raul Alves,
adolescente enlouquecido pela não aceitação de Benigna, encontram-se na
igreja matriz de Nossa Senhora Santana, no Município. No distrito de
Inhumas, local de maior visitação dos devotos, onde já foram realizadas
romarias, foi construído um pequeno santuário, onde também é preservada a
sua memória, e onde estão depositados ex-votos. São marcas das
promessas alcançadas pelos fiéis da menina, considerada santa há muitos
anos pelos moradores.
Contemporâneos de Benigna, nascida em 15 de outubro de 1928, no sítio
Oitis dos Cirineus, também estiveram presentes ao lançamento,
testemunhando os fatos históricos de uma da narrativa que acompanharam,
em grande parte, desde que a menina foi morta, resistindo à condição de
ser abusada.
O padre Paulo Lemos, da matriz de Santana do Cariri, diz que o livro
será um instrumento de reflexão e aprofundamento da vida de Benigna.
Outras informações que antecedem a morte da mártir são resgatadas na
infância, do momento em que saiu da casa dos pais para um lar adotivo e o
testemunho de como a criança se comportava em vida. Para ele, o
trabalho será um referencial para pastoral, e catequese.
Os recursos adquiridos com a venda dos exemplares serão usados nos
custos do processo de beatificação despesas relacionadas à publicação.
(E.S)
Mais informações:
Diocese de Crato
Paróquia Senhora Sant'Ana
Rua Padre Cristiano, 304
Santana do Cariri
Telefone (88) 3545.1485
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