PROCESSO DE BEATIFICAÇÃO
Monsenhor Vitaliano Mattiolli (à esquerda), postulador da beatificação acompanhou a exumação dos restos mortais de Benigna
FOTO: YPSILON FÉLIX
Santana do Cariri Mais um passo foi dado em prol do
processo pela beatificação da jovem Benigna Cardoso da Silva, com a
realização da exumação dos restos mortais pela Diocese de Crato e a
Paróquia de Senhora Sant´Ana, na última sexta-feira. Benigna havia sido
sepultada no Cemitério São Miguel, em Santana do Cariri, há mais de 70
anos.
O martírio em vida chamou a atenção da população para a
menina, assassinada de forma bárbara aos 13 anos. Considerada santa pela
população, passou a ter a atenção da Igreja e da própria comunidade,
que se manifesta em favor da beatificação. Ela foi morta por Raul Alves
Ribeiro, um jovem da mesma idade que sentiu por Benigna uma paixão
obsessiva e tentou possuí-la à força.
No próximo dia 26, a partir
das 15 horas, acontecerá o traslado dos restos mortais, que estão numa
pequena urna de madeira, para a Matriz, após uma romaria e procissão
pelas ruas principiais do Município. O evento deverá contar com mais de
cinco mil pessoas, de acordo com os organizadores. A programação termina
no fim da tarde com o sepultamento na Matriz Senhora Sant´Ana. Depois
da tragédia, graças alcançadas por intercessão da jovem passaram a ser
anunciadas por moradores do local e de outras regiões.
Um
santuário foi construído no Distrito de Inhumas, a 200 metros do local
onde a menina foi assassinada a golpes de facão e teve seu pescoço
praticamente degolado. Ela tinha ido pegar água no poço, com um pequeno
pote na cabeça, para abastecer a residência da fazenda onde morava, e
foi surpreendida quando voltava para casa.
O movimento em prol da
beatificação da menina martirizada foi iniciado com apoio da Igreja
Católica. Ela poderá ser a primeira a receber a beatificação no Estado
do Ceará. Para os moradores, a menina morreu na defesa da castidade,
resistindo ao assédio de Raul. Por isso, uma virgem mártir da pureza.
Depois
da identificação dos restos mortais de Benigna, os ossos foram lacrados
em uma urna, que agora estão sob o resguardo da Diocese de Crato até o
dia da solenidade oficial de traslado e sepultamento. Os ossos foram
retirados do cemitério após autorização judicial e da família. As irmãs
de criação da mártir, Terezinha Sisnando e Dulcinéia Sisnando, foram ao
local fazer o reconhecimento dos restos mortais, já que era a única
criança que havia sido sepultada no jazigo da família.
Também
acompanharam a exumação os responsáveis pelos levantamentos que estão
sendo feitos para o processo, tendo à frente o monsenhor Vitaliano
Mattiolli, postulador da causa de beatificação e representante da
Diocese de Crato; o pároco de Santana do Cariri, padre Paulo Lemos
Pereira; padre Joaquim Cláudio de Freitas, da Basílica Menor de Nossa
Sra. das Dores, em Juazeiro do Norte; o representante da comissão
Diocesana, Ypsilon Rodrigues Félix; e da comissão paroquial, Sandra
Rodrigues e Marcos Danilo e Geânio Felipe.
A biografia de Benigna
e todo o histórico do acontecimento trágico e os milagres, com
depoimentos das pessoas que alcançaram graça já estão detalhados em um
relatório de 156 páginas, que está sendo traduzido para o latim. O
material será encaminhado para o Vaticano para ser avaliado.
ELIZÂNGELA SANTOS
REPÓRTER
Comentários
Postar um comentário